terça-feira, 5 de abril de 2011

A fada do trevo

Depois de ver Knut, feliz, rolar relva abaixo, apareceram uns cãezinhos e ficaram todos brincando como fazem os cães e os ursos.
Pousei num galho de uma árvore e fiquei contemplando a beleza deste mundo "estrelado".
-- Oi Ding! (Ouvi uma vozinha doce vindo de baixo de onde eu estava.)
-- Ding! Ding! Ding! Ding! (Chamou de novo)
-- Quem me chama, Sininho?
-- Não, euzinha aqui, ó!
Era um trevo de quatro folhas!
-- Nossa, Trevinho, não sabia que você era do gênero feminino.
-- Não, eu sou uma fadinha, seu bobo!
-- Fada de Trevo, eu nunca vi, essa é novidade pra mim.
-- Pois é, mas tem, somos nós que damos sorte e não os trevos de quatro folhas.
-- Ah! é?
-- É. Diz a lenda que por ser raro o trevo de quatro folhas se transformou num poderoso amuleto e os humanos acreditam muito em poderes que não compreendem.
-- Aliás, acreditam demais em muitas coisas que não conseguem entender.
-- Pois é, isso tem história.
-- Adoro histórias, conte!
-- Tipo assim, os Druidas lá pelos anos 300 D.C. acreditavam que quem possuisse um trevo de quatro folhas poderia absorver os poderes da floresta e a sorte dos deuses, e, com isso, prosperidade.
-- Druidas, o que é isso?
-- Eram humanos que viveram onde hoje é a Inglaterra, naquela época. Havia mulheres também, chamadas druidesas. Na sociedade Celta eles eram responsáveis pelo ensino, eram professores e também advogados e filósofos.
-- Eu sempre achei que Celta era o nome de um carro.
-- Sim, mas é que os humanos deram a esse carro o nome dessa sociedade que vivia nesse lugar.
-- Ah! Mas, fale mais dos druidas!
-- Então, eles pertenciam a classes: os Filid eram os intermediários entre os celtas e os deuses, era a mais alta classe de druidas, o famoso Mago Merlin era um Druida Filid; os juizes, chamados de Brithen, eram os guardiães das leis do lugar e resolviam as questões entre os humanos de lá.
-- Ah! Já ouvi falar desse tal de Merlin.
-- Então, tinha outras quatro classes de druidas, os médicos, chamados de Liang; os repórteres, chamados de Sencha...
-- Uai, já tinha jornal naquela época?
-- Não, bobinho, eles percorriam as aldeias e voltavam com as notícias do que estava acontecendo, tudo era transmitido oralmente por outra classe, os contadores da história, que eram chamados de Druidas Scelaige, tudo era guardado na memória e como você, os celtas adoravam histórias, daí surgiam muitas lendas.
-- Fadas são lendas também! kikiki
-- São não, passarinho, fadas existem de verdade, nossa evolução é separada do resto.
-- Ah, então como a gente tá aqui conversando?
-- Porque as fadas só podem ser vistas por quem tem o coração puro, como as crianças.
-- Ah tá!
-- Então, como eu ia dizendo, ainda tinha mais uma classe de druidas, que eram os poetas, esses é que mantinham vivas as tradições celtas.
-- Puxa, quanta gente!
-- Humanos! Ding. Tem até histórias de que os Druidas praticavam canibalismo, mas acho que isso era invenção dos romanos. Acho que é porque eles tinham muitos conhecimentos de astronomia e ainda hoje os humanos tentam desvendar os mistérios celtas.
-- E o trevo?
-- Ah, é! Então, os trevos eram presenteados como votos de saúde, fortuna e prosperidade e quando se colhia um trevo nasciam outros seis no lugar. Diz a tradição.
-- Puxa, que praga! kikiki
-- Bem que dizem que você faz comentários mordazes, hein?
-- Eu tenho pena mas não tenho dó! kikiki
-- Sei, moleque!
-- E então, fale mais que eu to gostando.
-- É, tipo assim , cada uma das quatro folhas do trevo tem um significado, esperança, fé, amor e sorte. Além disso representam um ciclo completo, as quatro estações do ano, as quatro fases da lua e os quatro elementos da Natureza: terra, água, fogo e ar.
-- Nossa! Quanta coisa!
-- Pois é, Ding, mas sabe o que eu acho, que isso tudo é invenção dos humanos.
-- É?
-- Deve ser, pois não tem até uma marchinha de carnaval com o nome de trevo de quatro folhas?
-- Nossa! Até isso! Mas a letra é bonitinha.
-- Então vamos cantar!
E ficamos a cantarolar e a rir das coisas dos humanos, eu e a fadinha do trevo de quatro folhas.

(Clique no link pra ouvir a marchinha)



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