domingo, 17 de julho de 2011

O Retorno

Então, depois de uma aula sobre como os humanos evoluem, o velho Mocho nos chamou para ver uma aula de humanos naquele mesmo pavilhão da outra vez.
Chegamos voando de mansinho e nos empoleirando nos beirais, no muro circular e alguns outros animais lá já estavam.
Esses ensinamentos humanos seriam bom pra nós no futuro, disse Mocho, pediu que prestássemos atenção e ao seu sinal, todos voltaríamos ao nosso bosque para conversar. (Portanto, nenhum pio, tá Ding?) kikiki!
Esses humanos estavam se preparando para voltar à dimensão da matéria e ficamos olhando seus olhares felizes e apreensivos ao mesmo tempo.
Eles já estavam em palestra quando chegamos sem barulho e nem notaram nossa presença, enquanto o orientador dizia:
"1) Você receberá um corpo. Poderá amá-lo ou odiá-lo, mas ele será seu todo o tempo.

2) Você aprenderá lições. Você está matriculado numa escola informal de tempo integral chamada Vida. A cada dia, terá oportunidade de aprender lições. Você poderá amá-las ou considerá-las idiotas e irrelevantes.

3) Não há erros, apenas lições. O crescimento é um processo de ensaio e erro, de experimentação. Os experimentos 'mal sucedidos' são parte do processo, assim como experimentos que, em última análise, funcionam.

4) Cada lição é repetida até ser aprendida. Ela será apresentada a você sob várias formas. Quando você a tiver aprendido, passará para a próxima.

5) Aprender lições é uma tarefa sem fim. Não há nenhuma parte da vida que não contenha lições. Se você está vivo, há lições a serem aprendidas e ensinadas.

6) 'Lá' só será melhor que 'aqui', quando o seu 'lá' se tornar um'aqui', você simplesmente terá um outro 'lá' que novamente parecerá melhor que 'aqui'.

7) Os outros são apenas espelhos. Você não pode amar ou odiar alguma coisa em outra pessoa, a menos que ela reflita algo que você ame ou deteste em você mesmo.

8) O que você faz da sua vida é problema seu. Você tem todas as ferramentas e recursos de que precisa. O que você faz com eles não é da conta de ninguém. A escolha é sua.

9) As respostas para as questões da vida estão dentro de você. Você só precisa olhar, ouvir e confiar.

10) Você se esquecerá de tudo isso.. e ainda assim, você se lembrará."

(Regras para se tornar humano)

A cada regra que o humano falava, ele olhava em volta para ver se todos estavam prestando atenção.

Eu estava, mas não entendi nada, olhei para o Mocho com aquele olhar de pidão, louco pra dizer que estava no ponto de piar. Ele me olhou com um sorriso nos olhos e fez o sinal para voltarmos.

-- Quase, hein Ding?

--- Kikiki...desta vez eu entendi alguma coisa, mas quase não entendi nada.

Um "nem eu" uníssono soou entre a passarada.

-- Pois é, falou o Mocho com sua voz rouca, vocês vão lembrar, mas também vão esquecer. Não se preocupem com isso agora.

-- Por que eles vão voltar à terra física? Perguntou o pardal

-- Humanos tem uma dívida e um merecimento, pelo que fizeram durante suas vidas passadas na terra da forma física. Essa dívida e esse merecimento acontece a cada ato, pensamento, palavra ou intenção que eles criaram. Tudo é envolto na energia do pensamento e cria o que chamamos de Karma.

-- E nós, temos isso também? (Hoje o pardal estava mesmo falante)

-- Não, não temos. Nós vivemos de acordo com as Leis da Natureza e os pensamentos é que são os condutores e criadores de formas que colam nos humanos. Nós sentimos, mas nossos sentimentos são absorvidos, quando voltamos para cá e vão para a alma grupo de cada espécie.

-- Mas o Ding não vive de acordo com a Natureza, ele escreve blog. Denunciou o pardal.

-- Dita, falou o Mocho. E isso não gera pensamentos, só nos humanos que leem o que ele publica.

-- Ah!

-- Como é que acontece para esse Karma ficar colado neles? Perguntei

-- Na verdade, quando eles morrem, assistem um filme e revivem tudo o que passaram, viram, fizeram de bom e de ruim na vida, nesse momento, todas essas ações estavam acumuladas em volta deles e eles fazem um upload disso para a imagem deles que vem para os diversos níveis do nosso plano e são gravadas todas as ações.

-- Num DVD? Perguntou de novo o Pardal

-- Não, mas num tipo de memória que cada alma carrega. Respondeu Mocho, sorrindo.

-- Ah! Esse foi um "Ah!" geral.

-- Então, se um humano foi malvado deve vir cada memória feia, não? Disse um beija-flor.

-- Sim, e alguns dos humanos daqui conseguem ver isso tudo. Mas esses malvados, mesmo os piores, sempre tem algo de bom dentro deles e sempre avançam um pouquinho na sua evolução individual. Teve um humano chamado Baden-Powell, que viveu há muitos anos num lugar chamado Inglaterra que dizia: " Todo ser humano tem pelo menos 5% de bondade e a maior felicidade é procurar e olhar para ele, tentando ver esses 5%." Explicou o Mocho.

-- Nossa! Tem algum desses por aqui? Perguntou, tremendo, o pardal.

-- Kakaka! Não! Disse o Mocho. Eles estão em outras regiões. Fique tranquilo.

-- Mas, e depois, esses humanos vão voltar e ganhar um corpo novinho e daí? Perguntou um tico-tico.

-- Daí, eles vão estar entre outros humanos, num lugar apropriado, de acordo com as faltas e os merecimentos. A Vida é uma escola.

-- Então se fizerem besteira, bau-bau! Eu disse

-- Não, por pior que sejam seus pensamentos e atos, sempre vão evoluir um pouquinho, como já disse.

-- Vão passar de ano? Perguntei

-- Mais ou menos isso, só que pode ser que retornem para uma reciclagem, tudo depende só deles. No entanto, tem humanos pais, mães, amigos que, pelo pensamento e pela oração, vão influenciando os pensamentos deles.

-- E a Justiça Divina? Perguntou o pardal, com cara de malvado.

-- Essa é justamente Ela. Lá, eles costumam dizer uma frase bem verdadeira "Aqui se faz, aqui se paga", mas lembrem-se que a maioria granjeia méritos e vão aprendendo através da dor a descobrir e, depois, buscar se tornar à semelhança da estrela que eles carregam dentro de seus corações.

-- Puxa, Mocho, então eles vão brilhar? Perguntei

-- Sim, todos eles, um dia. Alguns antes dos outros e quando chegarem a se tornar estrelas completas eles ficam livres da roda e podem descansar, mas, em geral, eles levam seu livre arbítrio até a condição de estrelas e resolvem voltar para ajudar os que estão atrasados, vão ser chamados de Mestre, uma espécie de professor. Fazem isso por amor.

-- Uau! Eu quero ser professor, gritou o pardal.

-- Todos riram da tirada do "professor pardal", foi uma piação demorada. E os humanos que passavam, sorriam com a alegria própria dos passarinhos e sua farra diária no final da tarde.


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