terça-feira, 1 de junho de 2010

A ÚLTIMA POSTAGEM

















Dia 31 de maio, lá pelas 18 horas ouço o chamado do Ding lá embaixo. Mesmo estranhando ouvir do escritório no andar superior da casa, não fui até lá para verificar. Ainda abri a janela e olhei se ele estaria na janela do banheiro, como o surpreendera uma vez, quase fugindo. Até pensei comigo “tenho que colocar uma tela de metal nessa janela”, mas voltei aos meus afazeres, mesmo porque lembrei que tinha retirado as toalhas que estavam sobre o box, pois ele já estava voando para cima. No dia anterior pensei em aparar sua asa, mas não o fiz.

Fui deitar cedo, com uma sensação diferente e não atentei à falta de reclamação dele.

Por volta da meia-noite acordo com o mesmo estranhamento, vou ao banheiro, abro a tampa do ninho e coloco minha mão lá dentro pra fazer um afago, coisa que costumava fazer.

Só um passarinho no ninho. Jade pia reclamando.

Acendo a luz e constato. O Ding fugiu!

Ainda chamei, acendi as luzes do quintal, dei a volta, verifiquei a piscina, fui até a rua, chamei, chamei e nada. Ele não fugiu, saiu pela janela me chamando, me procurando e deve ter passado por debaixo do portão e se perdeu.

A esperança é a última que morre, dizem. Hoje mandei imprimir panfletos para distribuir pelo bairro com a foto dele e meus telefones, quem sabe ainda seja possível que o título desta postagem esteja errado. Tomara.

Não foi possível dormir. Foram quase três anos de convivência diária. Todos os dias ele descia do ninho, caminhava até minha cama, subia e vinha bicar meu nariz e ficava piando até que eu o pegasse na mão pra fazer cafuné. Às vezes dormíamos assim. Às vezes ele não queria dormir e não me deixava dormir também, nessas, eu ralhava com ele, mas não tinha jeito, ou levantava ou levantava. Algumas vezes eu acordava mais cedo, antes dele e, ao ir ao banheiro, ouvia-o chamar, mas se não acendesse a luz, ele não saia do ninho.

Lembrei com detalhes de quando pisei na cabeça dele e ele quase morreu. Passei um dia e duas noites alimentando-o de hora em hora com papinha na seringa. Horas de preocupação e dor. Já tinha sentido dor de perda em relação a ele antes.

Mais forte que a dor da perda é a gratidão. O Ding foi uma benção. Nas horas difíceis que só quem me conhece sabe que passei, ele vinha esfregar seu bico no meu queixo, exigindo carinho e atenção, me distraía. Gratidão também pela lição de desapego que a gente tem que exercitar sempre.

Gratidão parece o sentimento mais nítido. Olhando pra trás e vendo tudo o que ele me proporcionou em troca de tão pouco, me parece muitoa foto dele acima. A vidinha dele tem sido bem isto:

Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz .

Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,

Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.

Onde houver Discórdia, que eu leve a União.

Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.

Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.

Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.

Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.

Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!

Ó Mestre,

fazei que eu procure mais:

consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar que ser amado.

Pois é dando, que se recebe.

Perdoando, que se é perdoado e

é morrendo, que se vive para a vida eterna!

Amém!

Aos amigos que seguiram e participaram deste blog comentando e sugerindo, meu muito

Obrigado.

Ismael


3 comentários:

Anônimo disse...

Você vai achá-lo, meu amigo. Estou torcendo pra ele voltar logo, pois imagino a sua dor. Vamos confiar.
beijo
Berê

Anônimo disse...

Ismael, estou torcendo pra que ele volte, por vc e por nós que estavamos acostumados a ler os comentários no blog. Aceite meu abraço, carinho de conforto nesta hora. Estou com uma dorzinha no coração. Beijão.

Fran

Anônimo disse...

Tenha calma e veja ele entrando pela sala.... ele voltará!! beijos!!